Autoabandono Emocional: Quando Você Se Deixa Por Último
- Patrícia Cozendei
- há 2 dias
- 3 min de leitura

Você já sentiu que está presente para todo mundo, menos para si mesma?
Já percebeu que cuida, escuta, ajuda… mas quando se trata de você, a voz some, o tempo falta, a dor é escondida?
Isso pode ser um sinal claro de autoabandono emocional.
O que é o autoabandono?
Autoabandono é quando você ignora suas próprias necessidades, sentimentos, dores e desejos — muitas vezes por achar que “não tem tempo”, que “não merece” ou que “os outros são mais importantes”.
É uma desconexão interna que nasce aos poucos:
no “depois eu vejo isso”,
no “não é tão grave assim”,
no “não quero incomodar ninguém”.
É silencioso. Disfarçado. Mas profundo.
Como ele se forma?
Na visão psicanalítica, o autoabandono muitas vezes tem raízes na infância.
Quando uma criança sente que precisa esconder suas emoções para ser aceita, quando é responsabilizada por sentimentos dos outros ou aprende a se adaptar a todo custo… ela cresce com a crença de que se cuidar é egoísmo. E isso segue para a vida adulta.
A pessoa passa a viver para agradar, para evitar conflitos, para se proteger — mas se abandona no processo.
Sinais de que você pode estar se autoabandonando:
• Dizer “sim” quando queria dizer “não”;
• Cuidar de todos, mas nunca de si;
• Sentir culpa por priorizar suas emoções;
• Reprimir desejos, sonhos e vontades;
• Ter dificuldade de reconhecer seus próprios limites.
E qual o impacto disso?
O autoabandono emocional pode gerar ansiedade, vazio existencial, crises de identidade, relacionamentos tóxicos, doenças psicossomáticas e até depressão.
Porque viver longe de si mesma é viver exausta — com a alma sufocada.
Existe saída?
Sim.
O primeiro passo é reconhecer.
Depois, é preciso se escutar, se acolher e se tratar com a mesma dedicação que oferece aos outros.
Na Psicanálise, olhamos para as raízes do autoabandono, resgatando partes esquecidas da sua história, liberando crenças limitantes e construindo um novo vínculo: você com você mesma.
Um convite para o seu reencontro
Essa jornada é sobre voltar pra casa: pra dentro.
Para aquele lugar onde você possa se olhar com amor, respeito e verdade.
Você não precisa seguir se perdendo em nome de ninguém.
Você tem o direito de existir por inteiro.
E se quiser caminhar comigo nessa jornada, estou aqui.
No acolhimento, na escuta e na reconstrução. Tipos de Abandono Emocional
O abandono emocional pode acontecer de diferentes formas — algumas bem visíveis, outras tão silenciosas que passam despercebidas. Na prática clínica, percebemos alguns padrões:
• Abandono Primário:
Ocorre na infância, quando as necessidades emocionais básicas (como atenção, validação e segurança) não são atendidas.
Mesmo que a criança tenha alimento e abrigo, a ausência de carinho, escuta e acolhimento cria uma ferida invisível.
• Autoabandono:
É quando, já adulto, a pessoa repete o abandono que viveu — agora contra si mesma.
Deixa seus sonhos de lado, se cala diante das suas próprias dores, aceita menos do que merece.
• Abandono em Relacionamentos:
Aqui a pessoa sente que precisa “se anular” para manter um relacionamento. Medo de rejeição e carência emocional fazem com que aceite migalhas de atenção, mesmo sentindo-se invisível.
• Abandono Social:
É quando a pessoa sente que não pertence a lugar algum. Pode ter muitas conexões superficiais, mas dentro dela, carrega um sentimento de solidão e desenraizamento.
O Abandono Emocional no Final de Semana
É curioso perceber que muitas pessoas se sentem mais abandonadas nos finais de semana.
Mas por quê?
Durante a semana, o excesso de atividades, compromissos e distrações mantém a mente ocupada.
A dor interna fica “adormecida” sob a rotina.
Mas quando chega o final de semana — especialmente o domingo — o ritmo desacelera.
As agendas se esvaziam. O silêncio cresce.
É nesse espaço que os sentimentos reprimidos voltam a ecoar.
• A falta de companhia pesa.
• As comparações aumentam (“todo mundo parece feliz, menos eu”).
• As memórias dolorosas emergem (“eu queria ter alguém, queria ser diferente”).
Muitos associam o final de semana a momentos de conexão e celebração — mas quem vive o autoabandono sente o oposto: solidão, tristeza, vazio existencial.
A dor emocional que foi “escondida” pela correria agora bate à porta — e isso pode gerar tristeza profunda, crises de ansiedade, irritação e até compulsões (como comer demais, dormir demais, consumir redes sociais sem parar).
Como Cuidar de Si no Final de Semana?
Se você se identifica com essa sensação, saiba: não é frescura, nem fraqueza.
É um pedido silencioso da sua alma para que você volte a si.
Algumas práticas podem ajudar:
• Planejar momentos de autocuidado no final de semana, mesmo que pequenos;
• Criar rituais que te conectem a você: leitura, oração, escrita, caminhada;
• Reconhecer seus sentimentos sem julgamento: acolher em vez de reprimir;
• Buscar terapia para entender e ressignificar suas raízes emocionais;
• Permitir-se pedir ajuda e construir vínculos saudáveis.
A Psicanálise nos ensina que o que é trazido à consciência pode ser transformado.
E essa transformação começa com pequenos gestos de amor-próprio.
Você é a melhor!! 😍